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Relato da Missão Senegal, Maio de 2015


Ser o porta-voz da Nación na Mama África não foi só uma aventura sagrada, senão uma graça de poder estar entre eles e conviver com essa Mama Ancestral. Perceber que as diferenças, trazemos dentro e que se nos alinhamos com a consciência inocente e desprovida de pudores e medos, simplesmente somos mais um deles, vivendo entre eles. A maravilha já conhecida acontece.

Voltamos a nos portar como seres humanos e isso é o que de melhor pode nos ocorrer. Descer à simplicidade e à disposição, enamorar de seus códigos com leveza e neutralidade de julgamento nos faz uno com eles e permitiu abrir uma porta de aproximação, de partilha das alegrias desse ayllu. Vivem em clãs e tem uma sabedoria nata de convivência grupal. Comer com eles foi um verdadeiro saber compartir, ao lado de uma grande bacia todos se acocam, ficam em roda, quase sempre um arroz temperado com legumes, e ao centro, quando se tem, o peixe ou carne, donde todos comem juntos com as mãos.

Uma alegria, uma onda de integração se deu por não saber nada de sua língua. O motivo que poderia nos afastar, aproximou. Como rimos juntos e alargamos as formas de fazer corações se encontrarem e entenderem a humanidade inocente que nos une. Ficou invisível minha brancura, em momento algum me senti discriminado. Dormi, comi, cantei, brinquei e trabalhei entre eles como um deles, sem regalias ou diferenciações, e isso me parece que transcende qualquer palavra e teoria sobre igualdade, pois quando as palavras não alcançam, a postura e o agir dizem muito mais, e assim, nesse curto tempo que ali estive uma grande abertura de coração a coração se deu, um passo mais. Entregamos 3.250,00 Euros para a construção da escola.

Trouxe na mochila a gratidão desse povo, um olhar mais perto de sua realidade e alguns pedidos de ajuda, principalmente na área da saúde, e o coração saudoso dessa família do outro lado do oceano... Mantenhamos nossos corações ali e nossa ajuda também, pois sinto que caminhamos rumo a irmandade e não ao assistencialismo. Eles iniciaram uma campanha de 1 Real por semana, valor na moeda local, em que estarão arrecadando um valor pra dar conta das dificuldades com remédios no posto de saúde. Temos uma lista dos muitos dos remédios, quem puder ajudar é bem-vindo, pois salvamos vidas.

Então saibam que estamos apenas iniciando essa aliança, que nos trará pra perto o tempo matriarcal de Pangeia. Entre eles, em assembleia, estão sentindo em que podem nos ajudar como Ayni. Sim, que vão compartir conosco, assim ficou firmada nossa relação com esses irmãos que em meu sentir estão tão abertos e receptivos.

Gracias por todas as mãos, todas, aos que aportaram dinheiro com o qual juntos fomos comprar os materiais para a continuidade das obras da escola, e toda energia posta nessa aliança. Aos que se moveram em fazer os desenhos e criaram uma ponte de ternura.

Ahhh... Tantas alegrias e experiências que esse pequeno relato não alcança, assim me comprometo em ir escrevendo e compartindo o que passou nesse infinito espaço de tempo de milhões de instantes, que forma esses poucos dias que ali estivemos intimando e curando esses vínculos ancestrais. Quando digo que estivemos, falo de toda a Nación Pachamama, que estava em meu peito todo tempo.

Jerejef

Gratidão, em Oloff (língua da aldeia)

Munay Flores

Peregrino Missão África em Maio

Saiba mais do projeto clicando aqui.

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